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Todo Mundo Odeia o Chris: A Importância e o Impacto Cultural da Série.

  • Petonio 
  • 14 min read
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A fase de quatro anos do infame programa de comédia “Todo Mundo Odeia o Chris” celebrou a cultura negra sem pedir desculpas enquanto abordava tópicos sensíveis.

Poster de Todo Mundo Odeia o Chris
Poster de Todo Mundo Odeia o Chris

O ressurgimento das sitcoms negras americanas no início dos anos 2000 foi um momento que ficará para sempre na memória.

Programas como “The Bernie Mac Show”, “Eu, a Patroa e as Crianças” e “One on One” abriram caminho para uma nova era da TV voltada principalmente para o público negro.

Todo Mundo Odeia o Chris” desempenhou um papel fundamental em manter esse ressurgimento vivo. Ressurgimento que ficou extremamente popular nas televisões latinas, principalmente no Brasil.

Baseado livremente nas experiências da vida real do renomado comediante Chris Julius Rock, o programa retrata um pouco da sua infância no bairro de Bedford-Stuyvesant (Bed-Stuy), conhecido pelo alto índice de criminalidade, localizado no Brooklyn.

Estreando em 22 de setembro de 2005, o programa instantaneamente recebeu elogios e reconhecimento positivo.

Todo Mundo Odeia o Chris“, mesmo com algumas semelhanças com “Eu, a Patroa e as Crianças“, se destaca devido aos seus temas relacionáveis, firmemente colocando-se em uma categoria própria. O programa é considerado uma das melhores sitcoms negras durante meados dos anos 2000.

Chris, interpretado por Tyler James Williams, é um nerd solitário que frequentava uma escola predominantemente branca (Corleone Junior High School) na esperança de obter uma melhor educação, ao mesmo tempo que formava uma forte aliança com Greg (Vincent Martella).

Greg — assim como Chris — também é um excluído, que vive indiretamente através das aventuras de Chris fora da escola. No entanto, Chris sempre recebeu atenção indesejada por causa da cor da sua pele.

1. O Racismo Presente em Todo Mundo Odeia o Chris


Caruso olhando de forma estranha pra Chris
Caruso olhando de forma estranha pra Chris

Infelizmente, em todo o mundo, pessoas negras têm sido e ainda são vítimas de racismo — apesar dos inúmeros protestos e campanhas — isso não está desaparecendo.

Na série, é justo dizer que existem algumas cenas exageradas para fins de humor, mas, considerando a década em que a história se passa, esses cenários não são absurdos.

Chris foi tratado injustamente, estereotipado e intimidado por causa da cor da sua pele, com a maioria das ações sendo feitas pelo principal antagonista, Joey Caruso (Travis T. Flory). Caruso fazia questão de arruinar o dia de Chris sempre que tinha a oportunidade.

Além disso, grande parte do racismo vinha da “ingênua” professora do ensino fundamental de Chris, a Senhorita Morello (Jacqueline Mazarella).

Por mais estranho que possa parecer, não havia má intenção em seus comentários, pois ela tinha um carinho especial por Chris e queria que ele tivesse sucesso.

2. A Sitcom Semi-Autobiográfica de Chris Rock


Chris Rock falando com Chris Rock
Chris Rock falando com Chris Rock

Sim, é verdade que “Todo Mundo Odeia o Chris” é inspirado nos eventos da infância de Chris Rock crescendo no Brooklyn, em Nova York.

Embora esses eventos sejam ligeiramente suavizados com humor, eles realmente aconteceram e não devem ser considerados levianamente.

A série é ambientada no bairro de Bedford-Stuyvesant nos anos 1980, um período marcado por crimes envolvendo gangues, drogas e violência.

A série retratou uma versão mais leve desse bairro, já que é um programa familiar, mas esses elementos ainda estavam presentes.

Bedford-Stuyvesant era um bairro pobre durante a infância de Rock e hoje é o oitavo bairro mais pobre de Nova York. As pessoas do bairro foram baseadas em personalidades diversas que Rock encontrava em sua comunidade.

3. O Que Era Real vs O Que Era Falso


Cena retirada de Todo Mundo Odeia o Chris
Cena retirada de Todo Mundo Odeia o Chris

Com “Todo Mundo Odeia o Chris” sendo uma sitcom, nem tudo no programa era fiel à infância real de Chris Rock. Algumas situações e personagens foram adaptados para a trama.

Mas quais partes do show faziam parte da realidade de Chris Rock? Rock foi intimidado em sua escola de maioria branca. Ele foi agredido, chamado de termos racistas e maltratado por seus professores.

Além disso, sua família foi retratada de maneira muito próxima da sua família real, com algumas licenças criativas. O único personagem, além de Chris, que manteve o mesmo nome da vida real foi seu pai, Julius.

A série continuou a ser o mais autêntica possível em relação aos anos de adolescência de Rock, mesmo com o final da quarta temporada, onde Chris abandona a escola aos 17 anos.

Isso ocorre porque o programa representa suas experiências crescendo no Brooklyn e menos sobre sua vida como um todo.

No entanto, certos aspectos do programa foram adaptados ou exagerados para criar comédia e para proporcionar privacidade.

A família de Chris em “Todo Mundo Odeia o Chris” não é completamente autêntica em relação à família da vida real de Rock.

O personagem de Rochelle se assemelhava muito à mãe real de Rock, exceto que ela “não era tão louca” (segundo a IGN).

Enquanto cada personagem era uma versão exagerada da família, amigos e comunidade de Rock, nem tudo seria verdadeiro.

Chris Rock nasceu em 7 de fevereiro de 1965, mas quando ele anunciou que completou 13 anos em 1982 durante o episódio 1 da primeira temporada, você deve saber que a matemática não fecha.

Rock decidiu ambientar o programa nos anos 80, em vez dos anos 70, porque ele acreditava que aquele período estava sendo muito usado em outros programas.

Outra mudança foi o tamanho da família dele, pois Chris tem apenas dois irmãos no programa, mas, na realidade, ele tem seis irmãos — sendo o mais velho dos sete, o que reflete sua posição como o mais velho no programa. Logo, certos membros foram combinados em um único personagem para o programa.

Chris Rock e seus 6 irmãos
Chris Rock e seus 6 irmãos

Havia bastante espaço para a criatividade, apesar de Rock ser tanto o narrador quanto o produtor do programa.

“Todo Mundo Odeia o Chris” é tão real quanto as histórias que Rock conta em seus shows de comédia: exageradas e engraçadas, mas ainda parte de sua vida.

4. Julius: O Personagem Que Nos Ensinou a Virar “O Homem da Casa”


Julius em sua clássica poltrona
Julius em sua clássica poltrona

As personalidades de cada personagem são muito distintas, e nenhuma mais notável e digna de memes do que a de Julius.

Julius é o pai carinhoso, dedicado, tranquilo, centrado, mas muito preocupado, frugal, parcimonioso, devotado e mão de vaca da família. Julius tem dois empregos como entregador de jornais e segurança.

Como o homem da casa, havia muito que ele tinha que lidar, sendo o principal provedor da família. Julius era trabalhador e tinha a habilidade de calcular cada pedaço de comida usado ou desperdiçado em segundos – fazendo cálculos ultrarrápidos.

Julius era efetivamente uma calculadora humana, fazendo de tudo para colocar comida na mesa e gastar apenas quando achava necessário.

Julius contando o dinheiro
Julius contando o dinheiro

Um exemplo disso é o fato de Julius forçar seus familiares a parar de usar certos aparelhos que requerem eletricidade.

No entanto, o comportamento excêntrico e mão de vaca de Julius não se limita apenas a seus entes queridos, mas também a completos estranhos.

Uma vez, ele trabalhou como Papai Noel em uma loja de departamentos e assustou várias crianças quando elas pediram presentes caros, sendo demitido por causa do seu medo de custos elevados.

Como Chris era o mais velho, Julius o ensinou a ser um homem.

Achou que eu tava brincando?
Achou que eu tava brincando?

5. A Identificação do Público Com A Série


Um dia normal na vida de Chris
Um dia normal na vida de Chris

Crescer em uma família de classe trabalhadora teve um impacto em Chris. Como muitos com a mesma criação podem se identificar, isso o forçou a amadurecer muito mais cedo do que ele esperava, trazendo estresse inevitável.

Ele constantemente precisava ser o modelo perfeito para seus irmãos, uma das várias coisas que o pressionavam; ainda assim, ele conseguia encontrar alguma forma de escapismo para se distrair das lutas diárias.

É normal para programas de TV criarem uma comunidade unida — uma com uma loja local, salão de cabeleireiro/barbearia e, com frequência, um pub local.

O programa implementou bem o elemento comunitário, a ponto de os personagens falarem sobre suas vidas pessoais.

Dois personagens locais que nos proporcionaram momentos engraçados são o mendigo amante de artes marciais, Golpe Baixo, e o vizinho que adora pegar um dólar, Jerome.

golpe baixo e jerome
Golpe baixo e Jerome

Por décadas, laços quase inquebráveis se formaram dentro da comunidade negra, e você pode conhecer ou ter ouvido falar de indivíduos que têm um papel na identidade de suas comunidades, por menor ou maior que seja.

6. O Final da Série.


Chris vendo a besteira que fez
Chris vendo a besteira que fez

A última temporada do programa estava cheia de expectativas. Chris finalmente estava no Ensino Médio (Tattaglia High School) e criando novas situações com seu charme nerd, mas adorável.

Claro, a quarta temporada não seria completa sem um professor racista, e esse papel foi assumido pelo Professor Thurman (Paul Ben-Victor).

Lidar com sua vida pessoal e escolar não ficaria mais fácil, pois ele enfrentou uma consequência, tendo que repetir um ano escolar e, mais tarde, optando por abandonar a escola.

A decisão de abandonar a escola foi uma bênção disfarçada. Hoje, Rock é considerado um dos melhores comediantes a segurar um microfone.

Ele se inspirou no grande falecido, Richard Pryor, e somos presenteados com uma cena tocante na terceira temporada, quando Chris descobre o homem que despertou seu interesse pela comédia stand-up.

Não saindo de mãos vazias, Rock conseguiu seu GED (diploma de educação geral), que também foi o caso na vida real.

Embora o episódio final nos tenha deixado com um suspense inspirado em Sopranos, os eventos que ocorreram depois são conhecidos por todos, incluindo o infeliz falecimento de seu pai em 1988.

7. A Trajetória de Chris Rock


Chris Rock em um de seus shows
Chris Rock em um de seus shows

Chris começou a circular pelo circuito da comédia no final da adolescência, com uma noite mudando sua vida para sempre.

Enquanto se apresentava em Nova York, ele foi descoberto por ninguém menos que Eddie Murphy, que lhe deu seu primeiro papel no cinema em “Um Tira da Pesada II”, e o resto, como dizem, é história.

Três Grammys, quatro Emmys e muitos shows ao vivo depois, Chris Rock consolidou seu lugar entre a elite da comédia.

Rock dedicou a maior parte de sua vida para fazer as pessoas rirem, com alguns apreciando e outros dando um tapa nele; no entanto, isso não deve ser o que o define de agora em diante.

Ele é um ícone e merece o respeito que recebe. Sem ele, não haveria “Todo Mundo Odeia o Chris”, e eu não estaria escrevendo isso.

Chris Rock. Uma lenda no jogo. Todo Mundo Odeia o Chris. Uma das melhores sitcoms de todos os tempos.

8. Onde Está o Elenco Hoje?


Depois do final feliz do show, vamos ver onde está o elenco de Todo Mundo Odeia o Chris hoje.

Tyler James Williams

Tyler em cena de The Walking Dead
Tyler em cena de The Walking Dead

Tyler James Williams, que estrelou em Todo Mundo Odeia o Chris como Chris, teve uma carreira de sucesso desde que o show terminou.

Depois de estrelar em uma das melhores sitcoms, ele apareceu em Dear White People, The Walking Dead, Criminal Minds: Beyond Borders e Whiskey Cavalier.

Mais recentemente, ele conseguiu alguns papéis em filmes como The United States vs. Billie Holiday e The Wedding Year.

Ele também é um defensor da conscientização sobre a doença de Crohn após ter sido diagnosticado com ela em 2017. O papel mais proeminente de Williams atualmente é, sem dúvida, Gregory Eddie, um dos professores principais no sucesso Abbott Elementary.

Tichina Arnold

Tichina em cena de Wild Hogs
Tichina em cena de Wild Hogs

Depois de Todo Mundo Odeia o Chris, Tichina Arnold continuou a ter uma carreira de sucesso como atriz.

Ela já era conhecida por papéis em programas como Martin e All My Children, e desde então apareceu em filmes como Clover, The Last Black Man in San Francisco, Countdown e Wonder London.

Arnold também aparece regularmente ao lado de sua melhor amiga Tisha Campbell (a Jay de Eu, A Patroa e As Crianças.) para apresentar eventos de TV, como o Soul Train Awards.

Além de atuar, ela também é cantora e já lançou algumas músicas durante a sua carreira. Dê uma olhada no seu talento em um dos episódios da série:

Terry Crews

Terry Crews em cena de Brooklyn Nine-Nine
Terry Crews em cena de Brooklyn Nine-Nine

Após o fim de Todo Mundo Odeia o Chris, Terry Crews continuou a aparecer em projetos cinematográficos e programas de TV.

Antes do show estrear, Crews fez pequenas aparições em filmes como The Longest Yard (2005) e programas de TV como My Wife and Kids (2003).

No entanto, foi sua interpretação do pai de Chris, Julius, que o colocou no mapa. Desde então, Crews tornou-se cada vez mais ocupado com projetos diversos, notavelmente estrelando como Sargento Terry Jeffords em Brooklyn Nine-Nine.

Recentemente, ele também dublou Tentacular para o projeto de animação Rumble (2022). Além disso, ele continuará a ser o apresentador de America's Got Talent e America's Got Talent: The Champions, além de fazer trabalhos de dublagem para Craig of the Creek do Cartoon Network.

Além disso, ele se aventurou no streaming de videogames com seu filho Isaiah, jogando Danganronpa Trigger Happy Havoc. Até hoje, segundo o site Looper, Crews ainda é inspirado por seu personagem Julius.

Tequan Richmond

Tequan Richmond em Blue Caprice
Tequan Richmond em Blue Caprice

A carreira de Tequan Richmond após Todo Mundo Odeia o Chris foi relativamente bem-sucedida.

Ele continuou a atuar em vários filmes e programas de televisão, incluindo o filme Policial em Apuros 2 ao lado de Ice Cube e Kevin Hart.

Em 2017, ele fez uma participação especial em um episódio de O Homenzinho. Ele também lançou várias mixtapes sob seu pseudônimo de rap T-Rich, incluindo o álbum The Great Depression de 2018.

Imani Hakim

Imani Hakim em cena de Mythic Quest
Imani Hakim em cena de Mythic Quest

Imani Hakim estrelou como Tonya em Todo Mundo Odeia o Chris. Em 2013, ela apareceu no videoclipe de We Can't Stop de Miley Cyrus.

Em 2017, Hakim anunciou que deixou a atuação para se concentrar em seus estudos na Columbia University e seguir carreira na medicina.

Vincent Martella

Após o fim de Todo Mundo Odeia o Chris, Vincent Martella continuou a seguir sua carreira de ator.

Ele tem feito trabalho de voz para programas populares como Phineas e Ferb e videogames como Final Fantasy XIII e Disney Infinity. Além disso, ele estrelou em Clinger e McFarland.

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Petonio

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